“Pirataria é Coisa de Pobre?” Motivações Para O Consumo de Produtos Falsificados Entre Indivíduos De Baixa e Alta Renda No Brasil
Keywords:
Produtos falsificados, pirataria, consumo, alta e baixa renda, diferenças entre classes sociaisAbstract
O crescente consumo de produtos falsificados é uma realidade enfrentada por vários países do mundo, aspecto que tem uma participação relativamente elevada na economia de diversas nações. De acordo com a International Chamber of Commerce (2011), o mercado global para falsificações é estimado em cerca de 1,7 trilhões de dólares, representando 2% da economia mundial atual. O presente estudo buscou, através de uma abordagem qualitativa, entender as motivações de indivíduos de alta e baixa renda no Brasil para o consumo de produtos falsificados, procurando verificar como a faixa de renda do indivíduo tem influência sobre a sua motivação para consumir ou não produtos falsificados. Para chegar a esses objetivos, foram realizadas 20 entrevistas em profundidade com indivíduos de alta e baixa renda, de acordo com o critério Brasil ABEP (2015), residentes em uma capital brasileira. Através da análise das entrevistas, foi possível observar que o consumo de produtos falsificados é justificado pelos indivíduos de ambas as faixas de renda principalmente pelos fatores preço, economia de recursos, acesso e motivações sociais. Para os indivíduos de alta renda, a compra do produto falsificado serve como um mecanismo para o aumento do consumo. Já para os de baixa renda, os produtos falsificados representam a possibilidade de consumo de bens simbólicos aos quais, de outra forma, não teriam acesso. Outro resultado importante do estudo é o surgimento de uma contradição existente na condenação do consumo de produtos falsificados. Apesar de todos os participantes condenarem a falsificação, a prática de consumo de produtos falsificados já havia sido realizada por todos os entrevistados de ambas as faixas de renda, o que pode ser um indicador de que a produção e o consumo de produtos falsificados estão longe do fim no Brasil.
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